terça-feira, 27 de março de 2012

Compatibilidade com formatos padronizados de registros bibliográficos


A ISO 2709

A norma ISO 2709 – Documentation Format for Bibliographic Interchange on Magnetic Tape foi desenvolvida pelo Comitê Técnico ISO/ TC 46, Informação e  Documentação,  Subcomitê SC 4 – Aplicativos de computador na informação e documentação, da International Organization for Standardization (ISO). Esta norma especifica os requisitos para o formato de intercâmbio de registros bibliográficos que descrevem todas as formas de documentos sujeitos à descrição bibliográfica. Não define a extensão do conteúdo de documentos individuais e nem designa significado algum para os parágrafos, indicadores ou identificadores, sendo essas especificações as funções dos formatos de implementação.
Os dados, em meio magnético, estão estruturados de forma a possibilitar o intercâmbio de registros bibliográficos.
Porém, esta característica não elimina a incompatibilidade entre os registros que utilizam diferentes formatos de entrada e, principalmente, diferentes regras de entrada de dados. A ISO sepreocupa em apresentar uma estrutura generalizada, ou seja, um arcabouço projetado especialmente para a comunicação entre sistemas de processamento de dados, e não para uso como formato de processamento dentro dos sistemas. Da forma como foi estruturada, é item indispensável que deve ser contemplado pelos produtores de softwares para automação de bibliotecas, pois possibilita a padronização entre registros no que se refere à estrutura para intercâmbio de informações que, do ponto de vista técnico, é a base filosófica que norteia, direciona e fundamenta as ações de uma biblioteca. Este preceito legitima o uso desta norma nos processos de automação.

O protocolo Z39.50
Protocolo  originalmente proposto em 1984 para ser utilizado com informações bibliográficas pela National Information Standard Organization (Niso).
Foram disponibilizadas as versões 1988, 1992, 1994 e, finalmente, aprovado com a versão 1995. É o protocolo próprio para recuperação de informação bibliográfica de computador para computador, possibilitando ao usuário de um sistema pesquisar e recuperar informações de outro sistema, ambos implementados neste padrão. Especifica formatos e procedimentos administrando a troca de mensagens entre um cliente e um servidor, habilitando o cliente a solicitar que o servidor consulte um banco de dados, identifique registros e recupere um ou todos os dados identificados. Destina-se à comunicação entre aplicações para recuperação de informações, e não promove a interação entre o cliente e o usuário.
O cliente é o computador pessoal ou a estação de trabalho do usuário que executa parte ou todo o processamento do aplicativo. O servidor é o computador central que mantém os bancos de dados e atende a solicitações dos clientes. O padrão Z39.50 é um padrão de “midleware”  cliente-servidor. Isto quer dizer que fica entre a comunicação do cliente com o servidor. Com o uso deste padrão, permite-se que determinado  servidor   possa usar os serviços de diversos servidores ou fornecedores diferentes, e um determinado servidor possa prestar serviços para diversos clientes ou fornecedores. Para exemplificar e melhor esclarecer, se este protocolo não existisse, a biblioteca que quisesse recuperar registros bibliográficos de vários bancos de dados deveria dispor de tantos clientes quantos fossem os catálogos ou bancos de dados que se quisesse consultar.
Certamente é mais um instrumento tecnológico disponível para facilitar o processo de intercâmbio bibliográfico.
As informações aqui apresentadas sobre o Protocolo Z39.50 são aquelas necessárias e suficientes à compreensão do bibliotecário. Tal qual a ISSO 2709, este protocolo deve ser utilizado com maior habilidade pelos analistas de sistemas do que pelo bibliotecário.

O formato MARC
Os estudos  realizados pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos da América (LC) sobre a possibilidade de usar os recursos computacionaispara automatizar parte de seus serviços internos deram início na década de 50. Na medida em que apresentavam resultados positivos, a direção da Biblioteca decidiu convocar um grupo de trabalho integrado por bibliotecários e analistas de sistemas para encontrar uma forma de converter os dados das fichas catalográficas, gerando o repertório bibliográfico. O sucesso das ações da LC extrapolou sua abrangência institucional, e o desenvolvimento de formatos bibliográficos nacionais gerou preocupação em vários países que começaram a discutir sobre a necessidade de dispor de um formato que permitisse a troca de informações entre instituições, dispensando a elaboração de programas de conversão de registros a cada vez que ocorresse intercâmbio entre essas instituições.
Começou desta forma, no início de 1966, um projeto-piloto para a LC estudar a possibilidade de fornecer às bibliotecas dados de catalogação legíveis por máquina. Este projeto-piloto
denominou-se Marc – Machine-Readable for Cataloging – e teve como objetivo desenvolver procedimentos e programas de conversão, manutenção de arquivos e distribuição de dados compatíveis com o formato.
A LC, em 1966, concluiu o trabalho de formulação de procedimentos, rotinas e programas de computador denominado Marc I, o formato do projeto-piloto que incluía somente a descrição de livros. O sucesso deste formato e as negociações e acordos realizados durante sua implantação levaram as bibliotecas a pensar em um formato padrão de comunicações, adequado não só ao intercâmbio de dados bibliográficos na LC, mas também às demais, surgindo o Marc II com o propósito de desenhar a representação física de documento, em um meio legível por computadores, capaz de conter informação bibliográfica de todo tipo de material. Realizou, ainda, um estudo de viabilidade para a elaboração de metodologias e formas de realização de Conversão Retrospectiva, projeto denominado de Recon   (Retrospective Conversion), cujo resultado foi publicado em 1969.
Poucos sistemas de automação de bibliotecas utilizam o Marc puro, integral, embora muitos registros e sistemas sejam compatíveis com o mesmo. Os modernos softwares de automação de bibliotecas estão facilitando esta tarefa, deixando a cargo do sistema a transformação dos dados de catalogação para o formato Marc, obedecidas, evidentemente, as característi cas mínimas de descrição bibliográfica. Diferentemente da ISO 2709 e do protocolo Z39.50, o formato Marc é ferramenta de domínio exclusivo do bibliotecário que o utiliza na atividade de descrição bibliográfica.

Fonte:
CÔRTE, Adelaide Ramos; ALMEIDA, Iêda Muniz de; Pellegrini, Ana Emília; et. al. Automação de bibliotecas e centros de documentação: o processo de avaliação e seleção de software. Ci. Inf., Brasília, v. 28, n. 3, p. 241-256, set./dez. 1999. 

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