A ISO 2709
A norma ISO 2709 –
Documentation Format for Bibliographic Interchange on Magnetic Tape
foi desenvolvida pelo Comitê Técnico ISO/ TC 46, Informação e
Documentação, Subcomitê SC 4 – Aplicativos de computador na
informação e documentação, da International Organization for
Standardization (ISO). Esta norma especifica os requisitos para o formato de
intercâmbio de registros bibliográficos que descrevem todas as formas de
documentos sujeitos à descrição bibliográfica. Não define a extensão do conteúdo
de documentos individuais e nem designa significado algum para os parágrafos,
indicadores ou identificadores, sendo essas especificações as funções dos
formatos de implementação.
Os dados, em meio magnético, estão estruturados
de forma a possibilitar o intercâmbio de registros bibliográficos.
Porém, esta característica não elimina a
incompatibilidade entre os registros que utilizam diferentes formatos de entrada
e, principalmente, diferentes regras de entrada de dados. A ISO sepreocupa em
apresentar uma estrutura generalizada, ou seja, um arcabouço projetado
especialmente para a comunicação entre sistemas de processamento de dados, e
não para uso como formato de processamento dentro dos
sistemas. Da forma como foi estruturada, é item indispensável que deve ser
contemplado pelos produtores de softwares para automação de bibliotecas, pois possibilita a padronização
entre registros no que se refere à estrutura para intercâmbio de informações
que, do ponto de vista técnico, é a base filosófica que norteia, direciona e
fundamenta as ações de uma biblioteca. Este preceito legitima o uso desta norma
nos processos de automação.
O protocolo Z39.50
Protocolo originalmente proposto em 1984 para ser
utilizado com informações bibliográficas pela National Information Standard
Organization (Niso).
Foram disponibilizadas as versões 1988, 1992,
1994 e, finalmente, aprovado com a versão 1995. É o protocolo próprio para
recuperação de informação bibliográfica de computador para computador, possibilitando ao usuário de um
sistema pesquisar e recuperar informações de outro sistema, ambos implementados
neste padrão. Especifica formatos e procedimentos administrando a troca de
mensagens entre um cliente e um servidor, habilitando o cliente
a solicitar que o servidor consulte um banco de dados, identifique registros e
recupere um ou todos os dados identificados. Destina-se à comunicação entre
aplicações para recuperação de informações, e não promove a interação entre o
cliente e o usuário.
O cliente é o computador pessoal ou a estação
de trabalho do usuário que executa parte ou todo o processamento do aplicativo.
O servidor é o computador central que mantém os bancos de dados e atende a
solicitações dos clientes. O padrão Z39.50 é um padrão de “midleware” cliente-servidor. Isto quer dizer que fica
entre a comunicação do cliente com o servidor. Com o uso deste padrão,
permite-se que determinado servidor possa usar os serviços de diversos servidores ou
fornecedores diferentes, e um determinado servidor possa prestar serviços para diversos
clientes ou fornecedores. Para exemplificar e melhor esclarecer, se este
protocolo não existisse, a biblioteca que quisesse recuperar registros bibliográficos
de vários bancos de dados deveria dispor de tantos clientes quantos fossem os
catálogos ou bancos de dados que se quisesse consultar.
Certamente é mais um instrumento tecnológico
disponível para facilitar o processo de intercâmbio bibliográfico.
As informações aqui apresentadas sobre o
Protocolo Z39.50 são aquelas necessárias e suficientes à compreensão do
bibliotecário. Tal qual a ISSO 2709, este protocolo deve ser utilizado com
maior habilidade pelos analistas de sistemas do que pelo bibliotecário.
O formato MARC
Os estudos realizados pela Biblioteca do Congresso dos
Estados Unidos da América (LC) sobre a possibilidade de usar os recursos
computacionaispara automatizar parte de seus serviços internos deram início na
década de 50. Na medida em que apresentavam resultados positivos, a direção da Biblioteca
decidiu convocar um grupo de trabalho integrado por bibliotecários e analistas
de sistemas para encontrar uma forma de converter os dados das fichas
catalográficas, gerando o repertório bibliográfico. O sucesso das ações da LC
extrapolou sua abrangência institucional, e o desenvolvimento de formatos
bibliográficos nacionais gerou preocupação em vários países que começaram a
discutir sobre a necessidade de dispor de um formato que permitisse a troca de
informações entre instituições, dispensando a elaboração de programas de
conversão de registros a cada vez que ocorresse intercâmbio entre essas
instituições.
Começou desta forma, no início de 1966, um
projeto-piloto para a LC estudar a possibilidade de fornecer às bibliotecas
dados de catalogação legíveis por máquina. Este projeto-piloto
denominou-se Marc – Machine-Readable for
Cataloging – e teve como objetivo desenvolver procedimentos e programas de
conversão, manutenção de arquivos e distribuição de dados compatíveis com o
formato.
A LC, em 1966, concluiu o trabalho de formulação
de procedimentos, rotinas e programas de computador denominado Marc I, o
formato do projeto-piloto que incluía somente a descrição de livros. O sucesso
deste formato e as negociações e acordos realizados durante sua implantação
levaram as bibliotecas a pensar em um formato padrão de comunicações, adequado
não só ao intercâmbio de dados bibliográficos na LC, mas também às demais, surgindo
o Marc II com o propósito de desenhar a representação física de documento, em
um meio legível por computadores, capaz de conter informação bibliográfica de
todo tipo de material. Realizou, ainda, um estudo de viabilidade para a
elaboração de metodologias e formas de realização de Conversão Retrospectiva,
projeto denominado de Recon
(Retrospective Conversion), cujo resultado foi publicado em 1969.
Poucos sistemas de automação de bibliotecas
utilizam o Marc puro, integral, embora muitos registros e sistemas sejam
compatíveis com o mesmo. Os modernos softwares de automação de bibliotecas
estão facilitando esta tarefa, deixando a cargo do sistema a transformação dos
dados de catalogação para o formato Marc, obedecidas, evidentemente, as
característi cas mínimas de descrição bibliográfica. Diferentemente da ISO 2709
e do protocolo Z39.50, o formato Marc é ferramenta de domínio exclusivo do
bibliotecário que o utiliza na atividade de descrição bibliográfica.
Fonte:
CÔRTE, Adelaide Ramos; ALMEIDA, Iêda Muniz
de; Pellegrini, Ana Emília; et. al. Automação de bibliotecas e centros de
documentação: o processo de avaliação e seleção de software. Ci. Inf., Brasília, v. 28, n. 3, p.
241-256, set./dez. 1999.